Revista de la Lista Electrónica Europea de Música en la Educación. nº 8 Noviembre 2001
Elementos para uma reflexão sobre filosofia do ensino da Música
Departamento de Ciências Musicais da F.C.S.H. - U.N.L.
Este artículo fue publicado en Boletim de la Assoçiaçao Portuguesa de Educaçao Musical, nº 94. 15-16. (1997). Acabo de falar do nascimento da poesia e da música, como se ambas jorrassem da mesma fonte; acabode falar da arte do desejo, embora só alguns anos mais tarde viesse a pedir àquelas águas o que outrospedem ao amor: que me matasse a sede de alegria.
( Eugénio de Andrade, in Rosto precário, p. 24 )
Divirto-me quando em relação à necessidade da Educação Musical no sistema educativo se invoca omistério da purificação: o Santo Nome da Música surge, messiânico, num ritual ébrio de neblina e discursopolítico disfarçado de educativo (ou, se calhar, sem disfarce, dada a coincidência entre ambos). Erguem-seas mãos e clamam-se orações que dizem ser a educação musical muito importante, pois ajuda àsocialização das crianças, ao desenvolvimento do raciocínio matemático, da inteligência, da criatividade,do sentido estético, da interdisciplinaridade, da maturidade psicológica, etc, etc.
É interessante, tal como as vitaminas e o Ginseng. Se se consumir vitaminas fica-se forte. Se se consumirGinseng fica-se .(a minha incompleta psicanálise não me deixa ainda suficientemente liberta para odizer).
Se se der Música às criancinhas elas ficam boazinhas. Recomendável, portanto, no processo dedomesticação colectiva instaurado quer pelas ditaduras de esquerda como pelos sistemas democráticos,em que a Escola é a ditadura-mor. Ainda mais recomendável se houver taxas de desemprego que é precisobaixar ou se os serviços tutelares de menores estiverem sobrelotados.
Ora bem, quanto ao desenvolvimento do raciocínio matemático, está por provar. Mesmo assim, desde quedito com convicção, é um argumento que impressiona. Aliás, como um outro que costuma colher grande
simpatia: o de que a Música afasta as criancinhas de maus caminhos, como os da droga, por exemplo. Ouseja, provavelmente, Jimmy Hendrix, Jim Morrison, Elvis Presley, não eram músicos.
Quanto à inteligência, é uma coisa que não se sabe muito bem o que é (posso adiantar, entretanto, que umindicador de inteligência válido e fiel é, por exemplo, subscrever as ideias deste texto). Muitopossivelmente, os esforçados que procuraram provar a acção benéfica que a Música exerce sobre ainteligência terão sido eles próprios criaturas severamente privadas de qualquer educação musical. Relativamente à criatividade, eu desconheço que haja no corpo humano um " centro geral de criatividade". Isto é, que se possa accionar um comando geral com repercussão pelas várias facetas da produçãohumana. Ou seja, quando muito deve falar-se em criatividades e não em criatividade. Mais: discordo deRodrigues (1990) quando defende que as expressões artísticas são um espaço privilegiado parademonstrações de criatividade. Não necessariamente: a educação artística pode ser profundamenteheteronómica. Ainda a esse respeito não posso deixar de achar engraçadas aquelas posições laxistas dequem, numa esperança de expurgação da repressão vivida na própria infância, se esforça em deixar livresas criancinhas para que elas possam criar nada a partir de coisa nenhuma. A criatividade - em qualquerdos campos em que se expresse - é um acto de selecção, de negação. Deixar as crianças entregues àriqueza vocabular que a sorte lhes atribuíu ou não, livres para se expressarem a partir dodesconhecimento, é apenas redentor para o educador empenhado em reparar as próprias feridasnarcísicas. Ponto. Que não se invoque o Santo Nome das Crianças em vão. A criatividade é uma ousadiapóstuma - antes, venham as regras e o status quo!
Por outro lado, não deixa de ser curioso que alguns estudos sobre a criatividade procurem normas econsensos para definir quem é criativo. Que eu saiba, a criatividade tem a ver com a originalidade. Comruptura da norma vigente. Como é possível pretender encontrar o consensual quando o que está em causaé a excepção? Mas não digo que não seja um bom entretenimento o de procurar as regras da unicidade: é,pelo menos, um passatempo duradouro. Tão duradouro que o devíamos confiar aos laboratórios eternosdos deuses: eles terão tempo bastante para se ocuparem das regras marginais das minorias e da solidão.
No que concerne aos benefícios da interdisciplinaridade, um argumento que convence qualquer Ministro éo de que a aprendizagem da Música é muito útil em termos de aquisição de outros conteúdos escolares. Hámesmo estudos que comprovam esse sucesso escolar acrescentado. E têm piada. Têm normalmente"designs" que fazem lembrar a anedota do cientista que corta as pernas à pulga e que, depois de lhe queordenar que salte, o que naturalmente não acontece, conclui: quando se cortam as pernas à pulga ela deixade ouvir. De qualquer modo, não sei porque é que os investigadores com sentido de humor e tempo livrenão se têm preocupado, antes, em provar que a aprendizagem da Matemática, da Língua Materna, etc, sãorelevantes para uma melhor aprendizagem da Música.
Voltemos, entretanto, a outro dos tais preconceitos educativos com que temos arrogantemente defendido apresença da educação musical no currículo: o do desenvolvimento do sentido estético. Será que é este osexto sentido que as vozes ocultas sussurram ? E, enquanto isto, vejo desfilar, na passerelle da memória,talentos de matronas dedicadas à Arte de Apolo simultaneamente empenhadas em acariciar-nos osouvidos e em magoar-nos os olhos, mais o dito sentido estético, com lantejoulas, gorduras vincadas eenfeitadas, berloques, laçarotes, laca, verniz e alfinetes de peito em forma de clave. Se existe, o ditosentido estético não é uno, ou então, as matronas andam distraídas e vestem mal.
Pronto, estamos conversados sobre as vantagens psicológicas do adubo musical. Debrucemo-nos agorasobre as qualidades moralizantes e redentoras da arte. Ressalvemos, entretanto, que às vezes os artistastêm pequenos esquecimentos. Por exemplo, foi com certeza durante lapsos de inspiração musical quemúsicos enormes como Furtwangler e Schwarzkopf terão sido coniventes com o regime nazi. Ao queparece, a ex-Jugoslávia possuía uma elevada educação musical: os acontecimentos dos últimos anos sãoprova evidente de quanto a educação musical é importante para a criação de um espírito de tolerância efraternidade entre os povos. Mas, de resto, não tenhamos dúvidas: a arte educa a sensibilidade e asemoções - ser artista é ser bonzinho.
Percebi-o, numa primeira revelação, num restaurante do Bairro Alto há já vários anos. Nele costumava
cambalear, à hora do jantar, uma velhinha vestida de preto, dobrada ao peso de um cesto com ramos devioletas e da mão de uma criança frágil, pequenina. E a viúva, num fio de voz enrouquecido, apregoavasem pregão, apenas com delicadeza e timidez: "violetas, quem quer comprar violetas?" A senhora pareciater sempre os olhos rasos de lágrimas e a criança parecia tomar conta da avó, sempre muito caladinha.
Um vulto preto, magro, minguado, carregado pela cor lilás de um lado e pelos cabelos loiro-fino de umacriança de outro, é coisa que incomoda. Ainda por cima porque, quando, por qualquer tentativa de resgatede má-consciência, alguém decidia comprar alguma coisa à velha, o tempo gelava e ela demorava. Demorava. Ficava momentos intermináveis a desatar, com mãos trémulas, o saco de plástico ondetilintavam moedas. Irritante, teimava que tinha que ser honesta e rigorosa no troco. Devia pensar quemodelava, assim, a miúda que lhe escorria do braço.
Foi numa destas vezes de incomodativa demora que assisti à resposta, ao ronco, de uma das mais sensíveisactrizes da nossa praça. Ao queixume vertical daquele corpo parado no silêncio, a actriz, dotada deenorme talento artístico, retorquiu com uma voz ruminantemente grave e sensual: "Vá-se embora, mulher,saia daqui!". E ela foi. A criança também, atada que estava à resignação daquele luto ambulante. Umcorpo preto, sofrido, pode não arrastar uma artista, mas comove uma criança. Quanto à artista estava, comcerteza, sob o efeito benéfico da arte e, talvez, das ideias solidárias do partido político em que militava. Em total estado de graça. Essa foi a minha primeira glacial clarividência perante a sensibilidade dosartistas. Naif, muito naif, admiti que esse episódio fosse apenas a excepção que as regras contêm. Masnão, no mundo dos artistas abundam cestos com ramos de violetas.
Portanto, sob os efeitos moralizadores, socializantes e pacificadores da arte, estamos, também,conversados. É claro que podemos sempre pensar que se não fossem os efeitos catárticos da arte em vezde mais artistas teríamos mais delinquentes. De qualquer modo, talvez o mais importante das Artes, numasociedade tão preocupada com a utilidade das coisas, é que não têm utilidade nenhuma.
E mais que isto é o Francisco, de quatro anos, que após ouvir uma obra de Mendelssohn, segredava,cúmplice, guloso, ao ouvido da Mãe: " Mamã, esta Música parece chocolate para os ouvidos ". Ascrianças têm sempre razão e, tal como as formigas e os bichos que lá se vão governando, não estudaramfilosofia nem aprofundaram as razões da necessidade estética.
Em suma, não reconheço em nenhum daqueles argumentos uma razão válida para que a Música faça partede um curriculum escolar. Outras há. Mas também não vou escrever sobre essas. A interdição e o silênciosempre guardaram as coisas sagradas e os tesouros. E depois, se à escrita não compete escrever sobre asrazões da própria escrita, por que se deveria fazê-lo sobre as coisas da Música?
Citações bibliográficas.
ANDRADE, Eugénio (1979) - Rosto precário. Porto: Limiar.
RODRIGUES, Helena (1990) - A importância das expressões artísticas na formação de professores. Évora: Actas do I Seminário A componente de Psicologia na formação de professores .
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